sexta-feira, 17 de julho de 2020

Resumão Haute Couture Fashion Week A/W 20/21





Aconteceu na semana passada, de forma digital, segura e livre - só precisava ter acesso à internet para ver, a primeira Haute Couture Fashion Week on-line. Através das apresentações digitais disponibilizadas do próprio site da Câmara de Alta Costura, as mais de 30 marcas apresentaram suas apostas para o Outono/Inverno de 2021.


De Avatar 3D a até videoclipes, foram tantos destaques que encontramos que nós, da SER Digital, até tivemos que fazer um compilado para você. Olha só:




SCHIAPARELLI


A coleção intitulada “Imaginary” é uma celebração ao impulso e à vontade de criar. Para Daniel Roseberry, mente criativa por trás das criações da Maison, “tudo mudou, mas a imaginação e o desejo de criar nunca foram tão relevantes ou mais profundos”. Foi em um desses devaneios criativos que o designer esboçou, em uma manhã de segunda-feira num banco do Washington Square Park, toda coleção de alta-costura da Schiaparelli

Schiaparelli Autumn/Winter Haute Couture Collection (Foto: Divulgação)
O que teve? Muito tailoring (que são os terninhos desconstruídos), transpasse, babados, plissados, drapeados, comprimento mini, muita assimetria e cintura marcada. O destaque da coleção vai para as modelagens complexas e os volumes exagerados encontrados principalmente nas mangas. Com relação à cartela de cores, pouca coisa foi revelada. Temos um pink ali, um preto acolá, alguns modelos em branco e um toque da Golden Harvest (o mostarda que é uma das 5 apostas da WGSN para o Outono/Inverno de 2021). 




IRIS VAN HERPEN


O curta-metragem que apresenta a coleção “Transmotion” mostra um vestido-flor branco e translúcido cujas pétalas se abrem e os galhos se irradiam para fora através de fios bem finos. É uma peça que representa a delicadeza da vida e trabalha o conceito de mudança, crescimento e regeneração. 


O que teve? Iris Van Herpen tem uma pegada conceitual tão forte que é difícil identificar elementos comerciais em suas criações. No entanto, cabe um destaque aqui para a modelagem fluida e simétrica, para o comprimento mini, para os plissados e para o P&B. 




CHRISTIAN DIOR


Le Mythe, o curta-metragem da Dior, traz para os espectadores um mundo fantástico habitado por seres míticos que encomendam vestidos de alta-costura em miniatura e inspirado em cinco artistas surrealistas mulheres - Lee Miller, Dorothea Tanning, Leonora Carrington, Dora Maar e Jacqueline Lamba. Os mini-vestidos mostram a excepcional habilidade das costureiras da Maison e fazem referência à época do Theàtre de la Mode, onde essas miniaturas eram as únicas alternativas viáveis encontradas para reanimar o mundo da alta-costura francesa que estava totalmente abalado após a Segunda Guerra Mundial. 


O que teve? Muita leveza, plissados, drapeados e babados. As silhuetas das peças variam entre o shape sequinho ao corpo e o maxi-volume. No entanto, são sempre fluidas. A cartela de cores é sóbria e composta por tons como o purist blue e o golden harvest (duas apostas da WGSN), além do preto, do verde, do marinho, do cinza, do branco e dos metalizados (dourado, cobre e prateado).




RALPH AND RUSSO


A partir das inspirações que retirou da natureza, Tamara Ralph apresentou sua coleção A/W 20/21 de uma forma bastante tecnológica. Os vestidos foram apresentados no corpo de Hauli, a avatar 3D recém-criada para ser a musa digital da Maison, e as fotos tiveram como plano de fundo as sete maravilhas do mundo moderno. 


Ralph and Russo Autumn/Winter 2020/21 Haute Couture Collection (Foto: Divulgação)



Ralph and Russo Autumn/Winter 2020/21 Haute Couture Collection (Foto: Divulgação)

O que teve? Silhueta marcada, babados, muito tule, plissados, drapeados, comprimento mini, tailoring, mangas com super volume, assimetria, caimento fluido e modelagem complexa (uma verdadeira obra de arte). Sobre a paleta de cores, ela parece ter sido retirada de um jardim em plena primavera: neo-mint, turquesa, esmeralda, amarelo-canário, pink, rosê, fúcsia, laranja, vermelho, branco e preto.




AZZARO COUTURE

Azzaro fez sua participação na Haute Couture Digital através de um vídeo com performance dramática da cantora belga Silvie Kreusch. A coleção, nomeada como “Seedy Tricks”, é o retrato de uma mulher cujo desejo incandescente se transforma em uma alucinação febril pois a pessoa que ela quer não está presente. Oliver Theyskens, designer responsável pelas criações, optou por cortes simples e modelagens que resultassem no menor número possível de costuras. Vale lembrar que toda a produção foi feita utilizando um número reduzido de matérias-primas, uma atitude comum e necessária, de acordo com o próprio estilista da marca. 


O que teve? Veludo, Lurex, silhueta sequinha, tecidos mais armados, modelagem simples, muito preto, dourado, prateado e ombros estruturados. (Parece vir na contramão de tudo que vimos lá pra cima, né?)




XUAN


A coleção “windows of ifinity” aborda o conceito de construção e se inspira nos quatro elementos básicos - água, ar, fogo e terra. Os 4 looks apresentados no curta brincam com a geometria, com as linhas e com as formas puras. As várias camadas de tecido representam o caminho da vida, a consciência interior e o crescimento.



O que teve? Muito conceito e alguns elementos comerciais, como babados, comprimento mini, modelagem estruturada, mangas volumosas, cores vivas e P&B.




GIAMBATTISTA VALLI


Uma ode à Paris e aos ateliês Parisienses. A coleção “La Ville Lumiére” não se trata apenas de excelência na costura, mas também de arte, cultura, rituais e gestos. O curta que apresenta as peças também mostra fragmentos de Paris captados através da câmera do próprio Giambattista Valli. Há um pedacinho da Cidade Luz em cada detalhe dessa coleção. 

Giambattista Valli Autumn Winter 2020/21 Haute Couture Collection (Foto: Divulgação)

O que teve? Muito tule e chiffon modelados principalmente em cascatas, comprimento mini, maxi-volume, laços e cintura marcada. A cartela de cores é viva e compacta, apresentando apenas 5 cores: off-while, pink, rosê, vermelho e preto.




CHANEL 


Segundo a própria Virginie Viard, essa coleção é mais inspirada em Karl Lagerfeld do que em Gabrielle Chanel. A designer criativa da Maison estava com o mundo de Karl em mente quando criou essas peças. Inspirados nas mulheres exóticas e sofisticadas que iam ao Le Palace - famoso clube parisiense - acompanhadas pelo Kaiser, os 30 looks dessa coleção contrastam muito com o que foi apresentado nas semanas de moda anteriores à essa. Viard, que vinha apostando forte no minimalismo, se rendeu à complexidade e à sofisticação nessa coleção. 

Chanel Autumn Winter 2020/21 Haute Couture Collection (Foto: Divulgação)


O que teve? Reinvenção do clássico Tweed, retorno do tafetá e do veludo, muito bordado, mangas bufantes e silhueta em “A”. A paleta de cores foi bem sóbria, com destaque para o preto e o marinho. O ponto de cor ficou por conta do fúcsia, do magenta e do bloodstone (outra aposta de cor da WGSN). 




STÉPHANE ROLLAND


Com uma pegada bem anos 70, o estilista francês apresentou uma coleção com foco na luz e no movimento. A modelagem estava impecável, mas as grandes estrelas da coleção foram mesmo os detalhes. As pedras que imitam citrino, esmeraldas e topázio, por exemplo, são obras de artesãos sopradores de vidro, que fizeram uma por uma em parceria com o designer. 

Stéphane Rolland Autumn Winter 2020/21 Haute Couture Collection (Foto: Divulgação)




O que teve? P&B, recortes estratégicos, aplicações de bordados, silhueta fluida/ampla, leveza, assimetria, pregueados e babados. A paleta de cores foi clara no geral, com tons como amarelo, branco, pérola, off-white, cobre e caramelo. O destaque mesmo vai para o preto, que tem voltado com força total em todas as coleções. 




VIKTOR & ROLF


A dupla de designers holandeses apresentou a coleção “Change”, inspirada em três sentimentos que temos vivenciado durante a quarentena:  a ansiedade, a confusão e o amor. O vídeo, narrado pelo cantor britânico Mika, mostra uma coleção dividida em 3 partes - cada uma possui 3 looks e é destinada a uma emoção diferente. Para a ansiedade, as peças são sombrias e escuras. Para a confusão, os vestidos são assimétricos, volumosos e cheios de detalhes excêntricos. Por último, temos as 3 peças destinadas ao amor, todas elas com motivos de corações aplicados, totalmente simétricas e com uma paleta de cores clara e feminina. 

Viktor & Rolf Autumn/Winter 2020/21 Haute Couture Collection (Foto: Divulgação)

O que teve? Muito volume, detalhes extravagantes, peças armadas e volumosas, laços, drapeados, assimetria, tecido metalizado, detalhes em matelassê, saia godê, decote império, peles e couro fake. A paleta é formada por tons como marinho, rosê, amarelo canário, prata, branco, vermelho e pink.


Embora todas as marcas tenham se empenhado em promover uma experiência diferente, segura e agradável para a comunidade apaixonada por moda, os vídeos ainda não conseguem substituir a emoção envolvida na experiência presencial. Por outro lado, os desfiles presenciais não são democráticos e inclusivos como as transmissões digitais.

Ficamos, então, na esperança de que o melhor desses dois mundos, digital e presencial, possam se unir num futuro próximo. Seria essa uma necessidade urgente ou um sonho distante?


E aí, amadxs, gostaram do resumão? Deixem aí nos comentários qual foi o favorito de vocês!




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* Se quiserem ver os vídeos de todas as Maisons participantes da semana de Alta Costura é só clicarem aqui.