terça-feira, 16 de junho de 2020

LONDON FASHION WEEK DIGITAL






Do dia 12/6 até o dia 14/6, designers, compradores e admiradores de moda puderam vivenciar a London Fashion Week de uma forma incomum, mais democrática e principalmente segura. Através da plataforma londonfashionweek.co.uk, a British Fashion Council disponibilizou fotos, vídeos, podcasts, lookbooks digitais e desfiles ao vivo para qualquer pessoa que quisesse assistir os conteúdos e ter um gostinho da dinâmica de uma semana de moda internacional.



Londres foi a primeira das 4 grandes capitais a apostar no formato digital. Pela primeira vez, em 37 anos de evento, a London Fashion Week mesclou os desfiles masculinos, que normalmente eram apresentados em junho, com os femininos, que acontecem em setembro, em uma única programação on-line. Para Caroline Rush, CEO da British Fashion Council, levar a Semana de Moda Londrina para a plataforma digital foi a uma forma de manter culturalmente esse evento em um momento em que ele não poderia ocorrer presencialmente.



Embora seja uma solução razoável em busca da retomada econômica do setor da moda, poucos estilistas estavam preparados para aparecem no line-up da semana passada. Sendo assim, muitos deixaram para exibir suas coleções apenas em setembro, pois estão esperançosos que até lá o isolamento social seja cessado e o formato convencional de desfiles retorne.


NOVIDADE NEM TÃO NOVA ASSIM



O formato digital aplicado nos desfiles de moda não é novidade da LFW. Em março, a Shangai Fashion Week aconteceu de forma 100% on-line, reuniu mais de 150 marcas e disponibilizou os desfiles em tempo real para qualquer um que tivesse uma conta cliente no Tmall (marketplace chinesa de moda varejista). Em abril, foi a vez da Mercedes Benz Fashion Week Rússia levar os desfiles e presentations para as plataformas aizel.ru e MEGOGO. Seguindo a mesma proposta, mas com uma abordagem muito mais tecnológica, Anifa Mvuemba, estilista congolesa responsável pela marca Hanifa, apresentou sua nova coleção através de um desfile 3D on-line, no fim de maio.  






Riddled with a painful history, the beauty of Congo is often untapped and overlooked. The gentleness, beauty, history, poise, majesty, strength, power, and hope of the Congolese spirit inspired this collection. When creating each piece, I was reminded of the stories my mother told me of the women she knew back home in Congo. Women who suffered great loss but still, mustered every ounce of strength everyday to show up. My hope is that this collection inspires all women to stand tall in their power and like the Democratic Republic of Congo, to use their history, whether pretty or painful — to redesign their future. My country, the land of Congo, is ripe with an abundance of natural resources — the greatest of which are its people — its women. Hanifa presents.... Pink Label Congo. Now available at Hanifa.co
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NOVOS TEMPOS, NOVAS NECESSIDADES, NOVAS ABORDAGENS


Apesar da experiência presencial ainda ser mais emocionante e impactante, não podemos negar que a experiência on-line chega cheia de vantagens em um momento em que claramente precisamos muito dela. O backstage das semanas de moda esconde grandes excessos, como gastos exorbitantes e produção em massa de lixo. Para piorar, muitas marcas ainda desenvolvem coleções inteiras de forma nada amiga do meio-ambiente, pois pensar no verde demanda tempo, planejamento, custos e redução de lucro.


O setor da moda, de forma geral, tem se sustentando através de um ciclo nada sustentável que produz produtos que constantemente devem ser substituídos por outros. Não é atoa que a indústria foi tão impactada pelos desdobramentos da pandemia de COVID-19. Não há espaço para o efêmero e nem para o desperdício num momento como esse.


“A situação atual está nos levando a refletir de forma aguda sobre a sociedade em que vivemos e como queremos viver nossas vidas e criar negócios quando passamos por isso”.

Caroline Rush

Esse formato digital deve ser visto como uma forte aposta para o futuro e não somente como uma solução corriqueira pra driblar a crise. Após anos restringindo essa experiência às pessoas influentes, o setor da moda começa a enxergar que um futuro bem-sucedido só o espera caso ele aprenda a funcionar de uma maneira mais sustentável, justa e menos elitista.


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Texto por Maíra Gea
Equipe SER Digital